Escultura no âmbito de arte contemporânea - Contemporary Sculpture
PT
“Como criar um objecto fascinante, um objecto que mantenha o homem em respeito? Como inventar uma visualidade que se dirigirá, não à curiosidade do visível, ou até ao seu prazer – mas somente ao seu desejo...” Pelo o pouco que posso para já dizer, um objecto para mim terá que ter algo que desperte o espectador, que trabalhe com a sua percepção, desafie o seu sentido óptico, as sensações, beleza e envolva uma experiência de aura. |
EN
“How to create a fascinating object, an object that keeps man in awe? How to invent a visuality that will address itself, not to the curiosity of the visible, or even to its pleasure – but only to its desire...” From what little I can say, an object for me will have to have something that awakens the spectator, works with his perception, challenges his optical sense, sensations, beauty and involves an aura experience. |
Instalação noturna - Nightlife Installation. 2016
O trabalho escultórico consiste em objectos aparentemente «estranhos» semelhantes a meteoritos ou corpos celestes.
Os objectos se inserem numa sala escura ou na noite criando assim um potencial energético do espaço atmosférico, intensificando a sensação, algo místico. Um ambiente artificial que evoca “... personagens flutuam numa espécie de espaço galáctico.” |
The sculptural work consists of apparently “strange” objects similar to meteorites or celestial bodies.
The objects are inserted in a dark room or in the night, thus creating an energetic potential of the atmospheric space, intensifying the sensation, something mystical. An artificial environment that evokes “...characters float in a kind of galactic space.” |
Caixas de Cosmos - Boxes of Cosmos. 2015PT
Caixas de Cosmos pertence a um conjunto de objectos mais ou menos estranhos confinados ao interior de caixas com aberturas que forçam o espectador a mergulhar num mundo de escala ampliada, onde irá habitar o olhar (a experiência como um território). O interesse está na experiência de uma imersão sensorial e essa relação com o objecto, ou seja, não a matéria do objecto, é apenas uma linguagem, encontra-se ligada à verdade, à beleza. O paradoxo da imaterialidade do material é o que faz levar à imaginação critica. O dispositivo de exposição tem de dar importância a cada uma das peças, tem de nos levar a repetir ou a aproximar da experiência que o expetador tem com os objectos. Coisa longínqua, enigmática, estranhos corpos celestes que parecem ter alguma coisa com o corpo – mas essa coisa longínqua que quer ser vista de perto mas tem de haver uma distância de modo a manter o mistério, tem de haver uma barreira. Isto é, a peça é isto tudo que foi dito até um determinado ponto de aproximação quando estamos com ela nas mãos ela é outra coisa, aí ela perde o vínculo com a visualidade e com a distância e passamos a considera-la do ponto de vista técnico. |
Caixas de Cosmos - Boxes of Cosmos. 2013EN
Boxes of Cosmos belongs to a set of more or less strange objects confined inside boxes with openings that force the spectator to dive into a world of expanded scale, where the gaze will inhabit (experience as a territory). The interest is in the experience of a sensorial immersion and this relationship with the object, that is, not the matter of the object, it is just a language, it is linked to truth, to beauty. The paradox of the material's immateriality is what leads to critical imagination. The display device has to give importance to each of the pieces, it has to lead us to repeat or approach the experience that the viewer has with the objects. Far away, enigmatic thing, strange celestial bodies that seem to have something with the body – but this far thing that wants to be seen up close but there has to be a distance in order to keep the mystery, there has to be a barrier. That is, the piece is everything that has been said up to a certain point of approximation when we have it in our hands it is something else, then it loses the link with visuality and distance and we start to consider it from the point of view technician. |
Com a limitação que é imposta ao corpo pelo dispositivo (caixa) força à experiência do háptico, quero com isto dizer, operações que são realizadas pelo olhar e pelo cérebro, em que o olhar «desconecta-se» do corpo e torna-se ele autónomo, ou seja, um olhar que não pertence ao corpo. Sendo isto apenas possível ao ver a escultura ao vivo.
A abertura circular recorta o objecto e fundo negro com a parte branca da caixa. Este negro do fundo vem da ideia «atmosfera do negro» que a sensação é de ser arrastado para o interior. |
With the limitation imposed on the body by the device (box) forces the experience of the haptic, by which I mean operations that are performed by the gaze and the brain, in which the gaze «disconnects» from the body and becomes it. autonomous, that is, a gaze that does not belong to the body. This is only possible when seeing the sculpture live.
The circular opening cuts the object and the black background with the white part of the box. This black in the background comes from the idea «atmosphere of the black» that the sensation is of being dragged inside. |
Partículas Ampliadas - Magnified Particles. 2012As esculturas que faço estão intimamente ligadas à cor sendo assim, são esculturas com carácter pictórico. A cor é autónoma sendo assim, basta a si própria. Ao longo dos tempos os artistas e os autores têm atribuído à cor significações simbólicas, cósmicas ou metafóricas. A cor aqui não está num suporte, não sendo utilizada como um «artifício», como tradicionalmente ao longo da história de arte. A cor está muito para além daquilo que um pintor vê na cor, ou seja, para Klein a cor é matéria, como "escultura", a cor transporta qualidades do espaço.
As peças estão no caminho da desmaterialização, isto é, elas são irrelevantes do ponto de vista técnico, elas não falam dos processos tradicionais da escultura como a materialidade o processo do molde e contra molde etc… O pensamento está próximo daquele que teve Yves Klein, no sentido em que este propôs uma certa «espacialização da sensibilidade em estado de matéria prima de sensibilidade pictórica que se traduz numa certa ideia de vazio». O trabalho tem que ver com uma certa ideia de sublime, com uma certa ideia de obra enquanto «aparição» que não mostra o processo manual que a fez como em Anish Kapoor ou até mesmo quando James Turrell trabalha com a luz.
|
Superfície - Surface. 2012The sculptures I make are closely linked to color, so they are sculptures with a pictorial character. Color is autonomous, so it suffices for itself. Over time, artists and authors have attributed symbolic, cosmic or metaphorical meanings to color. The color here is not on a support, not being used as a «artifice», as traditionally throughout the history of art. Color is far beyond what a painter sees in color, that is, for Klein color is matter, as "sculpture", color carries qualities of space.
The pieces are on the path of dematerialization, that is, they are irrelevant from a technical point of view, they do not talk about the traditional processes of sculpture such as materiality, the mold and counter-mold process etc... The thought is close to that of Yves Klein, in the sense that he proposed a certain «spatialization of sensitivity in a state of raw material of pictorial sensitivity that translates into a certain idea of emptiness». The work has to do with a certain idea of the sublime, with a certain idea of the work as an «apparition» that does not show the manual process that made it as in Anish Kapoor or even when James Turrell works with light.
|